Você conheceu a carreira diplomática e quer iniciar seus estudos para o concurso, mas ainda não sabe por onde começar? Nesse post nós reunimos as principais informações sobre o CACD e como iniciar a sua preparação para o concurso.
O Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) é considerado um dos concursos públicos mais complexos e difíceis do Brasil. Portanto, para evitar desgastes desnecessários, é preciso se conhecer e conhecer qual é o lugar da carreira diplomática na sua vida antes de começar os estudos para o CACD.
Caso ainda não tenha essa certeza, vale a pena “pausar” a leitura deste post e dar uma olhada nesses posts aqui sobre o concurso e a carreira:
- As 10 perguntas mais comuns sobre a carreira diplomática
- Como ser um diplomata
- 4 mitos sobre o CACD
- Quanto ganha um diplomata?
Caso já tenha certeza de que a carreira diplomática é o que você quer e que, em algum momento, você iniciará seus estudos, sinta-se livre para seguir em frente na leitura deste artigo, que dividimos para ficar assim:
- Saber por quais matérias se começar a estudar
- Selecionando as obras para começar a estudar
- O papel das atualidades no início dos estudos
- Começando o estudo de línguas para o CACD
- Um ponto de partida
Vamos aos tópicos.
1. Saber por quais matérias começar a estudar para o CACD
O programa do CACD é extenso em termos de disciplinas cobradas. Ao todo, temos no Edital 10 disciplinas: História do Brasil, História Mundial, Economia, Política Internacional, Geografia, Direito, Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Língua Francesa, Língua Espanhola.
Ah Clipping, já sei quais disciplinas caem no CACD, agora preciso me preparar para estudar todas elas de uma vez só, certo?
Não recomendamos que o candidato iniciante comece os estudos para o CACD abordando todas essas disciplinas de uma vez.
Então, equilibrar essas matérias no cronograma de uma só vez é possível?
Sim, é possível. No entanto, essa não é a forma mais produtiva para se iniciar os estudos.
Existe uma sequência lógica de disciplinas que deve ser, preferencialmente, seguida quando se começa a estudar para o CACD.
Confira no vídeo abaixo as principais dicas de quem quer começar a estudar para o CACD usando o Clipping:

Mais a frente deixaremos a ordem de disciplinas sugeridas, mas antes explicaremos o motivo dessa recomendação.
1.1 Por que começar a estudar algumas disciplinas antes de outras?
O conteúdo do concurso para diplomata é extenso e não é raro um mesmo tema ser cobrado sob a ótica de diferentes disciplinas, o que torna muito produtivo inter-relacionar temas para uma abordagem mais estratégica do conteúdo.
Um exemplo para ficar mais claro o porquê:
Na semana 04 do programa de Geografia do Clipping, é previsto o seguinte objetivo:
Espera-se que o candidato compreenda a evolução da atividade industrial e como sua estruturação afeta a organização do espaço. Destaque deve ser dado ao conceito de divisão internacional do trabalho clássico e o conceito de divisão internacional do trabalho contemporâneo. Bastante importante, também, é a compreensão do fenômeno do reordenamento territorial pós-fordista e suas consequências.
Veja que a semana 04 de Geografia aborda uma série de conceitos que podem ser mais compreendidos com um domínio prévio do contexto e de conceitos aprendidos durante o estudo das semanas 14 a 16 do programa de História Mundial.
Por exemplo, “fordismo” está relacionado às reacomodações estratégicas pelas quais o mundo passou após o fim da Segunda Guerra Mundial. Já “pós-fordismo” e “divisão internacional do trabalho contemporâneo” são conceitos geográficos relacionados ao contexto histórico pelo qual o mundo passou com a crise do petróleo em 1973.
Na semana 08 de Geografia, o fenômeno de expansão territorial deve ser estudado desde o século XVII até o processo de integração do território no século XX. Esse é um dos tópicos mais cobrados em provas discursivas.
Vejamos um modelo de resposta tirado do Guia de Estudos CACD
As intersecções entre História do Brasil são bem evidentes, como se vê acima…
Em resumo, boa parte do conteúdo de Geografia está relacionado ao conteúdo que se vê em História Mundial ou História do Brasil.
Ah Clipping, então, se eu não estudar História antes de estudar Geografia, não compreenderei a matéria e não conseguirei fazer uma resposta dessas?
Não é isso. Você compreenderá sim, mas é provável que se tivesse estudado todo o conteúdo de História Mundial você aproveitaria de forma mais estratégica o conteúdo de Geografia.
Se o CACDista a usar a seu favor no momento de planejamento de estudos e de execução do planejamento de estudos, essa inter-relação de conceitos entre disciplinas pode ser extremamente benéfica.
É importante ressaltar que essa inter-relação entre Geografia e História (Mundial e do Brasil) exemplificada acima também ocorre com várias outras disciplinas como: Economia, Política Internacional, Direito, etc.
Disciplinas como História Mundial e História do Brasil são responsáveis por formar uma base contextual prévia extremamente útil para o estudo de várias outras matérias.
Por essa razão, é estratégico ter estudado essas matérias antes de avançar para outras.
O aprendizado ocorre em camadas.
Avanços recentes na neurociência confirmam que a ordem com que se estuda matérias possuem um papel central na retenção do conhecimento. Nós construímos conhecimento relacionando o que estudamos a uma base de conhecimento que já temos. Esse processo de organizar mentalmente o conhecimento novo, inter-relacionando-o a conhecimentos que já se tem, cria conexões que favorecem de forma expressiva a memorização e a facilidade de aceder esses conteúdos na memória de longo prazo.
Uma ciência do aprendizado?
Recentemente, os estudos nos campos da neurociência têm contribuído para descobertas fundamentais sobre questões referentes à produtividade e técnicas de estudo. Essas descobertas têm despertado a atenção de alunos imersos em experiências de aprendizado de conteúdos complexos, como é o caso do estudo para provas de residência médica ou em cursos de universidades de ponta, como Harvard e Yale.
O termo Science of Learning vem surgindo como um campo do conhecimento voltado a estudos sobre como o processo de aprendizado pode ser otimizado de forma prática. A obra Make it Stick: the Science of Successful Learning e How We Learn: When, Where and Why, é uma excelente referência sobre o tema. 📈
No tópico abaixo, deixamos uma recomendação sobre a ordem do estudo das matérias no CACD.
1.2 Sugestão de divisão de matérias em 2 sprints semestrais
Embora não seja possível alinhar o estudo de História Mundial e História do Brasil de forma cronologicamente perfeita, sem que “uma matéria passe na frente da outra cronologicamente” é possível, sim, ter ganhos de eficiência estudando o programa de forma mais ordenada e menos aleatória.
No Clipping, indicamos aos que começam seus estudos para o CACD que dividam as matérias em 2 sprints semestrais, com duração de cerca de 20 semanas. Dessa forma, deve o candidato iniciante ter visto todo o programa de um grupo de matérias antes de passar para outro grupo de matérias.
Com base no que vimos acima no tópico anterior, recomendamos, para ganho de eficiência nos estudos, a seguinte distribuição.
Sprint semestre 1:
- História Mundial (20 semanas);
- História do Brasil (19 semanas);
- Economia (26 semanas);
- Política Internacional I (20 semanas);
Sprint semestre 2:
- Geografia (20 semanas);
- Política Internacional II (20 semanas);
- Direito Interno (20 semanas);
- Direito Internacional (20 semanas);
Ah, Clipping, mas essas divisões levam em conta quais critérios?
É importante ressaltar que, além da questão da sequência lógica do conteúdo, essa divisão das matérias acima leva em conta outros aspectos, como a carga de leitura recomendada para cada disciplina.
As disciplinas de História do Brasil e História Mundial demandam um volume grande de páginas a serem lidas por semana. Por outro lado, na disciplina Economia menos páginas são demandadas (além do fato de boa parte das leituras conterem gráficos e ter um texto mais “enxuto”).
Por essa razão, ao estudar o conteúdo de História do Brasil e de História Mundial no sprint semestral 1 junto a Economia, o candidato garante também que estará “dosando” a carga de leitura para não pesar além da conta.
Atenção: a separação das matérias em sprints não dispensa a necessidade de revisão espaçada e constante do conteúdo visto (veremos isso em outro momento ao falar em “Revisão”).
2. Selecionando as obras para começar a estudar para o concurso para diplomata
Clipping, então agora é só partir para pegar aquela lista de livros e começar a estudar para o CACD de verdade, certo?
Não, é bem assim.
Agora que você já tem uma boa noção de como será seu cronograma ao longo do ano, precisamos falar da bibliografia usada para começar a estudar para o CACD.
Esse ponto explicamos em muitos detalhes neste post clássico sobre a Bibliografia CACD.
- Leia o post sobre a Bibliografia CACD
3. O papel das atualidades no início dos estudos
Outra verdade incômoda: não existe candidato desatualizado no CACD.
Boa parte do que você se deparará na prova não está em livros, mas em determinadas notícias. Essa é uma das verdades mais subestimadas pelos candidatos iniciantes.
Clipping, mas que questão mais decoreba essa que a banca formulou, não?!
Não!É claro que se você tem o hábito de ler só o que é breaking news, possivelmente terá alguma dificuldade adicional em algumas questões que envolvem atualidades. Usando como exemplo a prova do CACD de 2018, vemos uma questão que não é considerada fácil por grande parte dos candidatos, mas o conteúdo para responder a questão com segurança saiu diversas vezes no Clipping.
Aprofundando no exemplo acima:
Lendo uma ou duas notícias sobre Brexit você fixará pouco mais do que o “core factual”: “O Reino Unido está em processo de deixar a União Europeia”. No entanto, acompanhando o desenrolar dos fatos diariamente e de forma sistematizada, você fixará, além do básico, boa parte do “quadro referencial”. Ou seja, você fixará uma série de informações incidentais sobre o tema que irão se sobrepor em camadas ao longo dos dias (ex: Escócia e Irlanda do Norte são parte do Reino Unido, Cameron é do partido Conservador, etc).
A constância nas leituras dos clippings cumpre um papel fundamental para criar uma rede de conteúdos que seja robusta e abrangente o bastante para prover segurança para se marcar C ou E em determinado item.
O acompanhamento diário do clipping é uma atividade que leva tempo e nem sempre é uma atividade agradável. Por outro lado, comparando o tempo empregado nesse estudo e o retorno, trata-se de um dos maiores custo-benefício.
É preciso ressaltar que as atualidades são cobradas não somente na prova de Política Internacional, mas também nas provas objetivas e discursivas de Economia, Direito, Geografia, etc.
Não importa se o seu plano é fazer o CACD ano que vem ou em 2025. Não importa se você está estudando a full capacity para o CACD deste, ou se ainda está só na fase de cogitar iniciar os estudos. O estudo diário de atualidades é um requisito para qualquer candidato em qualquer nível de preparação.
Uma vez que o candidato decide que em algum momento de sua vida se lançará aos estudos rumo à carreira de diplomata, ele já deve inserir em sua rotina o acompanhamento sistemático de atualidades pré-selecionadas para o CACD.
Clipping, agora entendi que é recomendável dividir as matérias em 2 sprints semestrais, que preciso ter a bibliografia mais indicada para os estudos e ler diariamente o clipping de notícias. Mas e as línguas, como faço para estudar?
4. Começando o estudo de línguas para o CACD
Em um artigo como este, que visa dar coordenadas para o estudo dos candidatos iniciantes, é preciso falar algumas palavras sobre a preparação de línguas para o CACD.
Antes de tudo, é preciso dizer uma verdade incômoda:
Não existe candidato ao CACD monoglota.
Não perca seu tempo estudando para o CACD se não estiver disposto a encarar Inglês, Francês e Espanhol. Se você assumiu o desafio de se preparar para a carreira diplomática e está hesitante quanto ao fato de que terá que encarar o estudo de línguas estrangeiras, em algum momento você terá que repensar se a carreira diplomática é mesmo para você.
Ah Clipping, mas eu não sou fluente em Inglês, muito menos em Francês e em Espanhol. Nunca fiz aula…
Então, 99,9% dos candidatos têm essa mesma insegurança que você. As línguas estrangeiras são como pedras no seu sapato e no sapato de todos os demais candidatos.
A média nas provas de Inglês, Francês e Espanhol são as mais baixas e isso não é por acaso.
No caso do candidato ser iniciante (ou zerado em Francês, Espanhol ou Inglês), há sem dúvidas o desafio psicológico de vencer a barreira da inércia e se lançar aos estudos dessas línguas. Quebrar essa barreira da inércia é o primeiro passo para iniciar o estudo de línguas para o CACD.
5. Um ponto de partida
Existem as chamadas melhores práticas para se preparar para o CACD. Mas é importante saber que não há solução one-size-fits-all.
Esse é um dos pontos mais dolorosos para os candidatos iniciantes.
Seria extremamente cômodo dizer: basta fazer assim, assado e pronto.
Infelizmente (ou felizmente) é preciso reconhecer que é responsabilidade do candidato traçar seu próprio caminho e construir sua própria maneira de estudar para o CACD.
O começo dos estudos para o CACD é sobretudo um momento de autoconhecimento, de testes, de erros e de acertos. Haverá “passos fora da cadência”, “correções de rumos” e nem tudo sairá como planejado nesse início.
Sair do paradoxo de inércia em face a tanto conteúdo para estudar é o primeiro passo que precisa ser dado.
- Se você quer mais dicas de como estudar em casa, sugerimos esse post aqui.
- Quer conhecer uma técnica de estudos? Em nosso blog, te explicamos sobre os ciclos de estudos.
Acreditamos que é possível e necessário que cada candidato conquiste independência e autonomia em seus estudos para o concurso para diplomata. Esse sempre foi um dos pilares do Clipping.
Não é preciso gastar fortunas e nem se comprometer com cronogramas pouco factíveis. Com alguma disposição e um direcionamento, é possível começar: agora!





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